sexta-feira, 5 de março de 2010

O PÃO DOS OUTROS



O pão dos outros


Remi está a conversar com a avó.
Gosta de a ouvir falar dos seus tempos de menina.
– Na minha aldeia, na Provença, pelo Ano Novo, no primeiro dia de Janeiro, toda a gente oferecia uma prenda a toda a gente. Vê lá se és capaz de adivinhar o que seria.
Remi lança palpites:
– Comprar prendas para a aldeia inteira… É preciso muito dinheiro. Quer dizer que as pessoas eram ricas?
A avó riu-se:
– Oh, não! Naquele tempo, tinha-se muito pouco dinheiro e ninguém na aldeia comprava prendas. Nem sequer havia lojas como há hoje.
– Então faziam as prendas?
– Não propriamente!
– Então como é que faziam?
– Era muito simples. Ora ouve…
Antigamente, cada família fazia o seu pão. Não havia água corrente nas casas. Então íamos buscá-la à fonte, no largo da aldeia.
E, no dia um de Janeiro, de manhã muito cedo, a primeira pessoa que saía de casa, colocava um pão fresco no bordo da fonte, enquanto enchia a bilha de água. Quem chegava a seguir pegava no pão e punha outro no mesmo lugar para a pessoa seguinte, e assim por diante…
Desta forma, em todas as casas, se comia um pão fresco oferecido por outra pessoa. Nem sempre se sabia por quem, mas garanto-te que o pão nos parecia muito bom porque era como se fosse um presente de amizade.
As pessoas que estavam zangadas pensavam que talvez estivessem a comer o pão do seu inimigo e isso era uma espécie de reconciliação…

Durante alguns dias, esta história andou a martelar na cabeça de Remi.
Uma manhã, teve uma ideia.
Meteu no bolso uma fatia de pão de lavrador. É o pão que se come na casa de Remi.
E na escola, um pouco antes do recreio, Remi pousou o pão bem à vista, em cima da carteira de Filipe, o seu vizinho.
Filipe está sempre com fome e repete sem cessar a Remi:
– Oh! Que fome, que fome eu tenho! Bem comia agora qualquer coisa!
Quando Filipe viu a fatia de pão, que rica surpresa! Sabia muito bem quem lha tinha dado, mas fingiu que não sabia.
No recreio, todo contente, comeu o pão sem dizer nada a Remi, mas…
No dia seguinte, sabem o que é que Remi encontrou em cima da carteira, mesmo antes do recreio? … Um pedaço de cacete!
Um grande pedaço bem estaladiço! Um verdadeiro regalo!
Filipe ria-se.
E assim continuaram a dar um ao outro presentes de pão.
Na aula, a Carlota e a Sílvia estão sentadas logo atrás de Filipe e de Remi. Rapidamente souberam da história do pão e quiseram também participar nas surpresas.
No dia seguinte, Sílvia levou uma fatia de cacetinhoe Carlota uma fatia de pão centeio.
Outras crianças quiseram participar nas prendas de pão.
Apareceu pão grosseiro, pão de noz, pão de sêmea, pão sem côdea, pão caseiro, pão fino, pão russo, negro e um pouco ácido, que Vladimir levou, pedaços de pão árabe, que a mãe de Ahmed cozera no forno, e ainda muitos outros tipos de pão.
Desta forma, quase toda a turma se pôs a trocar pedaços de pão durante o recreio.
A professora apercebeu-se das trocas e perguntou:
– Mas o que é que vocês estão aí a fazer?
Carlota e Remi contaram-lhe toda a história do pão dos outros.
E logo após o recreio, o que é que estava em cima da secretária da professora? …um pedaço de pão!
Toda a classe tinha os olhos postos na professora. Ela sorriu e comeu o pão.
E, no domingo seguinte, quando Remi viu a avó, era ele que tinha uma história para lhe contar:
– Sabes, avó? Olha, na minha turma…


Michèle Lochak
Le pain des autres
Paris, Flammarion, 1980

O PÃO DOS OUTROS


Clube de Contadores de Histórias
Projecto: Abrir as portas ao sonho e à reflexão
(Recebida através de mensagem da Associação Cultural de Oeiras Espaço e Memória)
Poderá consultar o sítio do Clube em: http://www.prof2000.pt/users/historias/

O PÃO DOS OUTROS


O pão dos outros



Remi está a conversar com a avó.
Gosta de a ouvir falar dos seus tempos de menina.
– Na minha aldeia, na Provença, pelo Ano Novo, no primeiro dia de Janeiro, toda a gente oferecia uma prenda a toda a gente. Vê lá se és capaz de adivinhar o que seria.
Remi lança palpites:
– Comprar prendas para a aldeia inteira… É preciso muito dinheiro. Quer dizer que as pessoas eram ricas?
A avó riu-se:
– Oh, não! Naquele tempo, tinha-se muito pouco dinheiro e ninguém na aldeia comprava prendas. Nem sequer havia lojas como há hoje.
– Então faziam as prendas?
– Não propriamente!
– Então como é que faziam?
– Era muito simples. Ora ouve…
Antigamente, cada família fazia o seu pão. Não havia água corrente nas casas. Então íamos buscá-la à fonte, no largo da aldeia.
E, no dia um de Janeiro, de manhã muito cedo, a primeira pessoa que saía de casa, colocava um pão fresco no bordo da fonte, enquanto enchia a bilha de água. Quem chegava a seguir pegava no pão e punha outro no mesmo lugar para a pessoa seguinte, e assim por diante…
Desta forma, em todas as casas, se comia um pão fresco oferecido por outra pessoa. Nem sempre se sabia por quem, mas garanto-te que o pão nos parecia muito bom porque era como se fosse um presente de amizade.
As pessoas que estavam zangadas pensavam que talvez estivessem a comer o pão do seu inimigo e isso era uma espécie de reconciliação…

Durante alguns dias, esta história andou a martelar na cabeça de Remi.
Uma manhã, teve uma ideia.
Meteu no bolso uma fatia de pão de lavrador. É o pão que se come na casa de Remi.
E na escola, um pouco antes do recreio, Remi pousou o pão bem à vista, em cima da carteira de Filipe, o seu vizinho.
Filipe está sempre com fome e repete sem cessar a Remi:
– Oh! Que fome, que fome eu tenho! Bem comia agora qualquer coisa!
Quando Filipe viu a fatia de pão, que rica surpresa! Sabia muito bem quem lha tinha dado, mas fingiu que não sabia.
No recreio, todo contente, comeu o pão sem dizer nada a Remi, mas…
No dia seguinte, sabem o que é que Remi encontrou em cima da carteira, mesmo antes do recreio? … Um pedaço de cacete!
Um grande pedaço bem estaladiço! Um verdadeiro regalo!
Filipe ria-se.
E assim continuaram a dar um ao outro presentes de pão.
Na aula, a Carlota e a Sílvia estão sentadas logo atrás de Filipe e de Remi. Rapidamente souberam da história do pão e quiseram também participar nas surpresas.
No dia seguinte, Sílvia levou uma fatia de cacetinhoe Carlota uma fatia de pão centeio.
Outras crianças quiseram participar nas prendas de pão.
Apareceu pão grosseiro, pão de noz, pão de sêmea, pão sem côdea, pão caseiro, pão fino, pão russo, negro e um pouco ácido, que Vladimir levou, pedaços de pão árabe, que a mãe de Ahmed cozera no forno, e ainda muitos outros tipos de pão.
Desta forma, quase toda a turma se pôs a trocar pedaços de pão durante o recreio.
A professora apercebeu-se das trocas e perguntou:
– Mas o que é que vocês estão aí a fazer?
Carlota e Remi contaram-lhe toda a história do pão dos outros.
E logo após o recreio, o que é que estava em cima da secretária da professora? …um pedaço de pão!
Toda a classe tinha os olhos postos na professora. Ela sorriu e comeu o pão.
E, no domingo seguinte, quando Remi viu a avó, era ele que tinha uma história para lhe contar:
– Sabes, avó? Olha, na minha turma…


Michèle Lochak
Le pain des autres
Paris, Flammarion, 1980

Clube de Contadores de Histórias
Projecto: Abrir as portas ao sonho e à reflexão

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ISSAC NEWTON EM OEIRAS


10 LUZES NUM SéCULO ILUSTRADO – CICLO DE CONFERêNCIAS

Newton antes e depois com Alexandre Quintanilha; Moderação: Paula Moura Pinheiro 21.Outubro - 21h30Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras
Isaac Newton é o autor que, em Outubro, será objecto de análise e discussão no projecto “10 Luzes num Século Ilustrado”.O facto do Newton figurar neste painel das Luzes setecentistas, sendo um autor seiscentista, prende-se, obviamente, com o facto do mesmo operar uma consolidação de paradigma ao nível da ciência, que já tinha sido iniciado antes dele, mas que, sobretudo, com a lei da gravitação universal, ganha outra pujança e contornos. A ideia de que o movimento de todos os corpos é governado pelas mesmas leis naturais vai ter um impacto enorme em autores do século XVIII (Kant, por exemplo). É, portanto, no nosso entender, um autor incontornável.Trata-se, por isso, de propor a leitura de um pensador, cujo edifício reflexivo do mundo e da ciência é fundamental para o chamado triunfo do espírito e do método científico moderno.Alexandre Quintanilha nasceu em Lourenço Marques (Maputo) a 9 de Agosto de 1945, o dia em que foi lançada a bomba atómica sobre Nagasaki. É licenciado em Física Teórica pela Universidade de Witwatersrand (Joanesburgo, África do Sul), a mesma que lhe concedeu o grau de Doutor em Física do estado sólido, em 1968. Ultrapassado este desafio, Alexandre Quintanilha decidiu dedicar-se à Biologia, na Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA), onde permaneceu até 1991.Já em Berkeley foi nomeado director do Centro de Estudos Ambientais, tendo desenvolvido um grande volume de investigação nessa área. Entre 1983 e 1990 foi director assistente no Laboratório Nacional Lawrence, secção de Energia e Ambiente, e, entre 1987 e 1990, desempenhou o cargo de director do Centro de Estudo de Tecnologia da Biosfera.Regressa a Portugal em 1990 e no ano seguinte é nomeado director do Centro de Citologia Experimental e para professor no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Actualmente é Professor Catedrático do ICBAS , director do Centro de Citologia Experimental e dirigiu o Instituto de Biologia Molecular e Celular até Março do ano em curso. Público-alvo: Público em geral
Informações:21.440.63.36 - B.M.Oeiras

sexta-feira, 17 de abril de 2009

: EQUIPAMENTO DESPORTIVO NO PARQUE URBANO DA TERRUGEM

Alto do Lagoal e Vale da Terrugem, 06 de Abril de 2009

Exmo. Senhor
Dr. Nuno Emanuel Campilho Mourão Coelho
Presidente da Junta de Freguesia de Paço de Arcos
C/C: Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Caxias

ASSUNTO: EQUIPAMENTO DESPORTIVO NO PARQUE URBANO DA TERRUGEM

Na sequência da reunião que tivemos há algum tempo com V. Ex.ª, na Sede da Junta de Freguesia, foi solicitado a esta Associação o envio de sugestões relativas a equipamentos desportivos a instalar no Parque Urbano da Terrugem. Foi-nos então manifestado o interesse do Sr. Presidente da Junta em promover junto da CMO as necessárias iniciativas com vista a dotar esta zona da Freguesia de Paço de Arcos, na confluência com a Freguesia de Caxias, de equipamentos que sirvam os núcleos urbanos mais próximos.
Não obstante sabermos que os STCMO (Departamento de Espaços Verdes) se dispõem a proceder à requalificação do Parque Urbano, muito degradado, parece-nos de todo urgente que se revejam os projectos em apreciação que contemplam a instalação de equipamentos destinados á prática de “skate”. Esta eventualidade já mereceu a oposição de muitos moradores que habitam na proximidade.
Também sabemos que tem sido entendimento de técnicos da CMO de que a instalação de um polidesportivo naquele local iria permitir ganhar em sinergias e, portanto, aproveitar melhor o investimento a efectuar. De facto, situando-se o equipamento no vale da Terrugem, numa zona central aos núcleos urbanos existentes, ganhar-se-ia em proximidade e maior utilização.
Em nossa opinião, agindo-se atempadamente, também se ganharia em aproveitamento de recursos. Por outro lado a edificação de tal equipamento, a menor custo, iria responder às necessidades dos moradores e dos jovens, em particular, que se dirigem para fora das Freguesias e do Conselho para praticarem o seu desporto preferido.
Respondendo concretamente ao que nos foi solicitado na referenciada reunião, sugerimos a instalação de um equipamento polivalente, com as dimensões preconizadas nos programas publicitados pela CMO, que permita a prática de actividades como o futebol de sete (ou de cinco), andebol ou a prática de ténis (duplo). Acresce que no sítio onde se situa o tal equipamento degradado existe uma encosta que permitiria a instalação de bancadas e equipamentos de apoio, considerados necessários, ao menor custo. Parece-nos de todo razoável que o equipamento principal a construir receba estruturas que permitam, num futuro, talvez próximo, dotá-lo de protecção contra as intempéries.
Tendo em atenção que o actual Parque Urbano tem uma dimensão razoável, sugerimos ainda, num espaço apropriado a colocação de uma tabela de basquete, assim como instalação de um mini-campo de multiusos, para os mais pequenos,e de um circuito de trei-
no, com as estações dispersas e integradas no Parque, que permita a prática de exercícios, em «open-field», a jovens, adultos e idosos. Naturalmente que estaremos sempre expectantes relativamente à expansão do Parque Urbano, onde se poderão instalar percursos pedonais ou outros equipamentos considerados de interesse pelos STCMO e pelas populações a que se destinam. Não abordaremos aqui práticas desportivas como a canoagem e BTT, de que existem já praticantes, por se encontrarem em fase de integração nesta organização de moradores.
Consideramos que a população do Vale e na sua proximidade (Terrugem de Baixo, Terrugem de Cima, Lagoal e Alto do Lagoal, Bairros da CHEPA e CHELAG, Quinta do Castelo, Zona Adjacente ao Alto da Loba, Quinta do Torneiro e Quinta da Eira) estará representada por um universo de cerca de 5.000 habitantes.
Na expectativa de obtermos da parte dos diversos responsáveis autárquicos a melhor atenção para as nossas sugestões e propostas, manifestamos desde já a nossa disponibilidade e interesse em colaborar com os STCMO para, de forma mais pormenorizada, darmos nota dos desejos e necessidades dos moradores interessados na prática desportiva.
Mais informamos que já promovemos os contactos necessários com o Departamento de Cultura e Desporto da Câmara Municipal de Oeiras, com vista ao registo desta nova Associação que tem como objectivo, entre outros, as actividades desportivas.
Não obstante estar a área em apreço (actual Parque Urbano da Terrugem) situada, em grande parte, no território da Junta de Freguesia de Paço de Arcos, confinando com a Freguesia vizinha, cuja população é aqui abrangida, decidimos manter informado o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Caxias, de quem, também, esperamos todo o empenho na defesa da pertinência das nossas sugestões e propostas
Com os nossos melhores cumprimentos,


Pela Associação de Moradores

O Presidente

(João António Silva Gomes)

ANEXOS: Esboço e fotocópias de exemplares de equipamentos sugeridos